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sexta-feira, junho 6, 2025

Geraldo Resende tem chances reais de ser o primeiro senador eleito pela Grande Dourados

Com Azambuja praticamente eleito, a segunda vaga ao Senado pode consagrar, enfim, o primeiro representante da Grande Dourados: Geraldo Resende afia o discurso e mira no vácuo da oposição

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Duas pesquisas divulgadas nesta terça-feira pelo Correio do Estado oferecem um retrato amplo – ainda que provisório – das eleições de 2026, especialmente para o Senado, onde a disputa já provoca debates acalorados. Para o governo estadual, o jogo parece decidido: são mínimas as chances de alguém com fôlego suficiente para enfrentar o projeto de reeleição de Eduardo Riedel. Mas no Senado, o cenário é outro.

Na sondagem do Instituto Paraná, lideram o ex-governador Reinaldo Azambuja e a ministra do Planejamento de Lula, Simone Tebet – esta última com o pé bem fincado na Esplanada e na agenda presidencial de 2026, o que torna sua candidatura ao Senado bastante improvável. Já na pesquisa do Instituto IPEMS, que testou um leque maior de nomes, surge como novidade o bolsonarista Capitão Contar, derrotado em 2022 mesmo com o apoio escancarado de Bolsonaro em rede nacional.

O restante é quase perfumaria. O senador caixeiro-viajante Nelsinho Trad aparece na dianteira do IPEMS ao lado de Azambuja, surfando na recente onda de propagandas do PSD na TV. Mas daí para pegar um “tubo” vai longe. Nas inserções, está sozinho, como se fosse o último samurai da bancada federal, ostentando conquistas como se articular emendas orçamentárias fosse coisa de outro mundo. Até novatos, como o vereador Dill do Povo e o folclórico Sargento Prates, já cantam vitória nessa seara.

A grande novidade, no entanto, é o desempenho de Geraldo Resende. Embora ignorado na pesquisa do Instituto Paraná (ou omitido na divulgação), ele figura em quinto lugar na sondagem do IPEMES. Atrás apenas de Azambuja (18,07%), Nelsinho (14,28%), Contar (13,61%) e Simone (11,3%), Geraldo alcança 5,8% — deixando para trás o petista Vander Loubet (em campanha há anos), a senadora Soraya Thronicke (que, se tiver juízo, não tenta a reeleição) e até a bolsonarista de carteirinha Gianni Nogueira, vice-prefeita de Dourados.

Mas qual o sentido de se discutir tudo isso agora, a quase dois anos da eleição? Muita água ainda vai ar sob essa ponte antes da Copa do Mundo. No entanto, com Azambuja praticamente eleito, a disputa se afunila em torno da segunda vaga. O tabuleiro será definido por fatores como: quem estará no campo de Lula ou no de Riedel, quem será oposição de verdade e, claro, quem terá mais garrafas vazias pra vender.

E é aí que entra a vantagem de Geraldo Resende, que já começa a bater no bico tucano e se assanha para voos mais altos num território onde é, de fato, craque. Franco-atirador por excelência, ele disfarça a pré-campanha ao Senado dizendo que seu grande objetivo em 2026 é eleger a filha, Bárbara Resende, deputada estadual. Mas ninguém se engane.

Nem Azambuja, nem Nelsinho, tampouco Contar têm base eleitoral tão sólida quanto a de Geraldo. Na Grande Dourados, região há tempos órfã de representação majoritária, sua candidatura pode encontrar ressonância histórica — e até uma narrativa redentora. Baseado agora em Campo Grande, para onde se mudou exatamente para fazer ecoar mais alto o grito dos douradenses que preferiram Délia Razuk a ele na eleição municipal, pode explorar o contraste entre sua trajetória e o desastre istrativo que se seguiu. Eis aí um mote político em gestação.

Analisando os dados do IPEMS, é possível afirmar que Geraldo poderia sim ocupar a segunda vaga no Senado, sobretudo diante da divisão de votos no campo bolsonarista. Caso Gianni Nogueira e Contar confirmem suas candidaturas, ambos disputarão o mesmo eleitorado, ambos com a bênção do “mito”. Livre – sangrando até a última gota pelos efeitos da tentativa de golpe – ou preso? Esta é uma questão que será fundamental na hora do afunilamento para as tão criticadas urnas eletrônicas.

Os douradenses não vivem, afinal, se lamentando da ausência de um senador com vínculo real com a região? Um que não apareça apenas para posar para lives com cheques de emendas parlamentares — aquelas mesmas que já levaram muita gente boa pra cadeia? Pois esse é o discurso que está sendo meticulosamente costurado por Geraldo nos bastidores. “A cor das linhas? Tanto faz, o verde, amarelo, azul e branco, até para acabar com essa apropriação indébita dos bolsonaristas, mas também o vermelho puro-sangue petista, com salpicadas de amarelo e verde do já antigo PPS, sucedâneo do PCB (sim, o voto dos comunistas, que não comem criancinha!, cai tão suavemente na urna eletrônica quanto o do mais reacionário dos bolsonaristas), misturado com o azul e vermelho do legítimo trabalhismo-pedetista. Ele desfila com desenvoltura com todas essas bandeiras. E no gogó, convenhamos, é difícil encontrar adversário que o supere — sobretudo quando o tema é o Brasil e suas grandes demandas, como as saúde pública, o grande ideal do picolezeiro e engraxate que virou médico antes de entrar na política.

Resumo do cenário com base no levantamento do IPEMS:

  • Azambuja (PSDB): 18,07%
  • Nelsinho Trad (PSD): 14,28%
  • Capitão Contar (PRTB): 13,61%
  • Simone Tebet (MDB): 11,73%
  • Geraldo Resende (PSDB): 5,81%
  • Vander Loubet (PT): 3,84%
  • Soraya Thronicke (Podemos): 3,33%
  • Luiz Ovando (PP): 2,94%
  • Gianni Nogueira (PL): 2,35%

No primeiro voto para senador:

  • Contar: 21,58%
  • Trad: 17,70%
  • Azambuja: 16,70%
  • Simone: 12,93%
  • Resende: 4,83%

Rejeição:

  • Soraya lidera, com 69,64%
  • Geraldo aparece com 47,92%, abaixo de Simone, Ovando e Loubet

Ainda é cedo para cravar cenários definitivos, mas o start foi dado. E, se depender de articulação e trajetória, Geraldo Resende pode, sim, em pese a rejeição atual, se tornar o primeiro senador eleito pela Grande Dourados. Basta calibrar o discurso, confiar na capilaridade e manter o faro político aguçado — coisa que, convenhamos, nunca lhe faltou.

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