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sexta-feira, junho 6, 2025

Só pelo prazer de amar

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E a brisa já não mais acariciava , cortava a pele , fria como uma navalha afiada ! O sol há muito tinha se recolhido , alguns pássaros tardios ainda piavam ao longe ! Um bem-te-vi teimoso gritava estridente ! Vestígios de humanidade se apresentavam no buzinar insistente de um carro ou outro ! E ela observava o findar do dia como quem aprecia uma fatia de pão fresco , um pedaço de pudim , uma taça de um bom vinho, um beijo de amor!
Um olhar sem pressa que se perdia nos nós do tempo , demoradamente , numa pertinência branda cheia de insurgências e calosidades de uma vida sem magnitude ! Apenas observava , como que a gravar cada minudencia , cada detalhe , cada miligrama daquele instante que poderia não se repetir !
A vida não tem pressa, somos nós que apressamos o viver ! Atropelamos os momentos , corremos nos prazeres e ditames do dia a dia !
Ah , e o pensamento borboleteava e visitava o ado , e assim solto como pipa no firmamento, fazia piruetas no lembrar ! Outrora fora namoradeira , tantos pretendentes, tantas procuras , tantos desejantes , tantas recusas … se livrou de vários casamentos , fugiu , trocou a roça pelos estudos ! E hoje nos entremeios da vida fica horas a fio a adorar e tecer o inútil : pensar sem precisar falar , querer sem precisar possuir , andar sem ter pra onde ir , olhar sem mirar um lugar , sentir e não precisar chorar , sorrir sem saber o porquê; Poetizar sem precisar compartilhar! Amar só pelo prazer de amar !

Gicelma Chacarosqui – Pós-doc pelo ECCO, UFMT, Doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP; Mestrado em Estudos Literários e graduação em Letras Português Literatura Brasileira pela UFMS . É professora Titular da UFGD.

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